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Os efeitos colaterais!

Por Kenia Telles 

Créditos: Divulgação Aparício (roupa branca) Marcelo (roupa preta)

Nestes Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, estamos vendo alguns dos principais atletas dos mais favoritos não executarem grandes performances e falharem, fruto do alto favoritismo e os efeitos colaterais que impactam a mente e a parte física dos atletas. 

O exemplo mais impactante foi o da ginasta Simone Biles, multicampeã Olímpica no Rio de Janeiro 2016 e que se retirou da competição individual geral realizada nesta quinta-feira onde a brasileira Rebeca Andrade foi medalhista de Prata. Biles admitiu sofrer com a saúde mental e sua equipe ainda cogita colocá-la para a disputa das finais por aparelhos. 

Não somente Biles sofre com tal problema, bem como a japonesa Naomi Osaka revelou há poucos meses, durante Roland Garros, sofrer com depressão e com problemas de lidar com a imprensa e até desistiu do torneio por essa questão. A japonesa chegou como favorita para Tóquio, mas mesmo sendo franca favorita foi eliminada cedo nas oitavas de final. Nesta quinta, o número dois do mundo, o russo Daniil Medvedev caiu nas quartas de final e o terceiro favorito, Stefanos Tsitsipas se despediu nas oitavas no torneio de tênis. 

Marcelo Abuchacra, um dos sócios do Projeto Único – PE Sports e Tênis & Psicologia – que cuida de tenistas e diversos tipos de atletas em consultório em São Paulo de forma presencial e atendimento online, comentou o caso: “Primeiro que precisamos saber para um atleta de alto nível é que não basta estar treinado tecnicamente, fisicamente, nutricionalmente , mas também psicologicamente”, conta: “Quando existem cenários de favoritismo  , cenários que claramente o atleta é mais treinado tecnicamente, física e taticamente que os outros, é favorito para vencer uma competição, o lado psicológico tem um efeito colateral,” segue Abuchacra contando a batalha interna que paira na cabeça dos atletas e atingem completamente a performance. 

“Tudo conspira para você ser o vencedor. Se você se concentrar e fizer o melhor que precisa fazer, chegar ao seu nível máximo, ou seja, nadar na velocidade que você nada, acertar a bola que você acerta, conseguir fazer a coreografia que você se preparou para executar, você sabe que será o campeão, irá vencer. Vira uma batalha contra você mesmo”. 

Para Abuchacra, o caso de Simone Biles é clássico que as distrações causadas pelo favoritismo impactaram diretamente no corpo dela: “Ela se preparou muitos anos para esse momento, é uma atleta experiente, mas não suportou a pressão e o estresse psicológicos produzido por esse favoritismo. As reações fisiológicas começaram a governar todo o comportamento dela como atleta. Ela começou a ficar tensa, nervosa, ter desconfortos internos, diminuição e aumento de pressão, aceleração cardíaca, incômodos no estômago, dores de cabeça, visão turva, tremedeira. Todos esses sintomas são derivados do estresse e que impedem o atleta de fazer sua performance. Aquele favorito já não consegue fazer mais o seu melhor desempenho pois o corpo gasta energia que são contrários à performance.” 

Aparício Meneses conta que no tênis, como o caso principalmente de Osaka e eliminações precoces durante os Jogos de Tóquio, os efeitos são sentidos nos pontos chave, fator bem corriqueiro no esporte: “Esse tipo de situação acontece muito no tênis nos pontos decisivos, onde você sabe que basta se concentrar para poder vencer, fazer o que está treinado para fazer, é o momento de tensão, de favoritismo. Se você consegue se concentrar para vencer aquele ponto você sabe que sua chance é alta para ganhar o jogo, só que se você sofre os efeitos colaterais daquele favoritismo, Se eu não conseguir, o que vão pensar de mim? Por que estou tremendo? Não consigo me concentrar? Daí ocasionam as duplas-faltas, os erros bobos, a bola mais curta dando espaço para o adversário.” 

Abuchacra completa: “No caso da Simone Biles ela caiu de forma tão visível que os treinadores, comissão técnica falaram ‘olha você não vai competir, não tem condições, seu corpo está tenso, sua musculatura está trêmula, está com o coração acelerado, sintomas expressivos de estresse e se colocarmos você para competir você vai falhar’. Para evitar um colapso, preferiram preservar a pessoa Simone Biles que vem antes da atleta. E ela concordou com a equipe e aceitou. Isso acontece em muitos esportes”. 

Aparício destaca que só a concentração e o isolamento dos fatores externos podem reverter: “Precisamos excluir as variáveis externas. Para competir bem você precisa ficar longe das críticas, opinião alheia, bem consciente do medo que você precisa enfrentar. Para um atleta entrar no que chamamos de flow feeling, precisa estar bem tranquilo, longe das mídias, redes sociais. É um grande desafio preparar um jogador de qualquer modalidade”. 

Projeto Único é a união da PE Sports, do psicólogo Aparício Meneses e Tênis & Psicologia de Marcelo Abuchacra. Os dois são especialistas de Psicologia Comportamental e atendem atletas de tênis e outras modalidades em um consultório diferenciado em São Paulo e de forma online. 

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